Atividade física x Sedentarismo infantil
Sempre me deparo com amigas dizendo: “ Ai Larissa, meu filho come muito...” ou “Né tia Lari que tal alimento engorda,...”
Mas, coincidentemente, percebo que, muitas vezes, nossas crianças urbanas (filhos, sobrinhos, pacientes e amigos) tem tido na verdade falta ou pouca prática de atividades físicas. E, nesse contexto, a alimentação não deve ser encarada como um tratamento pela falta de esportes, ela tem caráter preventivo, mas não substitui a atividade física regular para equilibrarmos o cálculo de calorias gastas x calorias consumidas.
Relaciono então, a falta de exercícios físicos diários na infância (pelo menos 90 min/dia) como uma das principais causas da epidemia de obesidade infantil. A mudança no estilo de vida com internet, tablets e jogos eletrônicos somados ao aumento das porções nos restaurantes e um maior acesso aos produtos processados e de alta densidade energética, tem induzido mudanças de vida que estão influenciando um comportamento sedentário, traduzido por um baixo gasto energético nas atividades diárias e menos tempo para atividades físicas programadas.
Os pais devem ter consciência que nesta fase eles são responsáveis pelo desenvolvimento dos filhos, incentivando e dando exemplo em casa, na rua, se alimentando e se “mexendo”. O exercício formal realizado fora da escola, às vezes é um processo repetitivo, pouco lúdico e há a dificuldade devido ao custo e disponibilidade de tempo para deslocamento. Por isso, aliado à reeducação alimentar, é importante promover atividades rotineiras na vida das crianças, para mantê-las ativas durante alguns períodos do dia, estabelecendo um local para correrem, caminharem e pularem no lazer e no tempo livre. Sugere-se ‘criar’ uma atividade física nas situações do dia-a-dia, como usar escadas do edifício, pular corda, caminhar até a escola, atividades no playground, ajudar em pequenas atividades domésticas além, da educação física da escola (geralmente 2x por semana).
A partir da fase escolar a criança tem essa atividade na grade horária, pois já está apta para criar uma rotina/hábito de atividades físicas. E, como o exercício físico vai aumentar o gasto energético, colaborar na manutenção do peso e perda se necessário, na redução do apetite e consequentemente dar sensação de bem-estar. Quebra-se aí o ciclo vicioso de uma futura batalha contra a balança sem fim. Inclusive, há fortes evidências de que uma vida saudável na infância, resulta na maioria das vezes, em uma vida adulta também mais ativa e favorável!
Não tem milagre, gosto do bom exemplo dos pais que desde sempre conseguem conciliar e estimular os filhos a fazer a atividade física na escola e uma atividade fora (geralmente natação). Andar de bike nos períodos contrários, frequentar parques, brincadeiras ao ar livre, etc. Assim evita-se aquele perfil de criança que não se mexe: deita para dormir, acorda e fica na frente da tv, almoça sentada na frente do computador, vai para escola e fica sentada na aula e no recreio, volta pra casa e fica jogando vídeo game e dorme de novo. O ideal é conseguir unir o útil ao agradável em se tratando de rotina alimentar e vida ativa dos filhotes, participando, pois a criança aprende pelo que vê e não pelo que lhe é falado.
Dependendo da idade, é indicado consultar um profissional de educação física para escolher a atividade mais adequada e a ‘quantidade’, considerando se tiver alguma restrição de saúde, se for atleta ou se o exercício tiver alguma outra finalidade. Da mesma forma que lugar de criança é na escola, brincar ainda é a melhor atividade física para um pequeno ser considerado saudável.
Larissa Macedo, Nutricionista Materno Infantil. CRN/PR 3622
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